O QUE FAZER QUANDO SOMOS TRAÍDOS E PERSEGUIDOS?

Postado em 8 de fevereiro de 2021 por

Categorias: Pregações

Pr Luciano R. Peterlevitz, Primeira Igreja Batista de Sumaré, 07.02.2021 (noite)

TEXTO: Salmo 55

Introdução

Provavelmente Davi escreveu o Salmo 55 por ocasião do golpe de Estado que seu filho Absalãoefetuou contra ele. Nesse Salmo específico, Davi fala das angústias que lhe sobrevinham ao coração por causa da traição que sofreu de um amigo muito chegado (v.12-14), talvez Aitofel, o conselheiro que abandonou Davi para aliar-se ao rebelde Absalão(2Sm 16.15-22; 1Cr 27.33).

Além de ser traído, Davi foi perseguido. No v.2, lemos que ele foi oprimido e hostilizado.

Você já foi “apunhado pelas costas” por alguém? Foi xingado? Já foi atacado por alguém?

Jesus também foi traído. Sofreu a traição de Judas. Caiu injustamente nas mãos de uma multidão em fúria.

O que fazer quando somos traídos e hostilizados? Além de demonstrar perdão, graça e misericórdia, como fez Jesus, também precisamos ter uma postura de oração. É isso que aprenderemos com o Salmo 55.

Estrutura

O Salmo 55 pode ser divido em seis partes: 

1ª – V.1-8: a queixa de Davi e os seus temores.

2ª – V.9-11: a opressão contra a cidade de Davi.

3ª – V.12-15: a traição contra Davi.

4ª  – V.16-19: o clamor de Davi.

5ª – V.20-21: a quebra da aliança. 

6ª – V.22-23: Davi exorta-se a si mesmo a confiar em Deus.

Diante da traição e perseguição, qual deve ser nossa postura, considerando o Salmo 55?

  1. Diante da traição e perseguição, precisamos orar: v.1, 2a, 16

O Salmo 55 é uma oração.

V.1-2a:

“Dá ouvidos, ó Deus, à minha oração; não te escondas da minha súplica.

Atende-me e responde-me…”(NAA).

V.16-17:

“Eu, porém, invocarei a Deus, e o Senhor me salvará.

À tarde, pela manhã e ao meio-dia, farei as minhas queixas e lamentarei; e ele ouvirá a minha voz.”(NAA).

A oração não é nosso último recurso. A oração é nosso primeiro e único recurso. Uma simples oração de fé coloca-nos em contato com o Deus vivo.

Quando somos hostililizados, traídos, injustiçados, precisamos fazer três coisas: A primeira coisa que precisamos fazer é orar. A segunda coisa a fazer é orar. E a terceira coisa a fazer é orar. Enfin, é preciso orar, orar e orar.

Num sermão sobre a expressão “invoquei o Senhor” (Sl 118.5), Lutero disse para congregação:

Invocar é o que você precisa aprender. Você ouviu. Não fique aí apenas sentado ou virado de lado, levantando a cabeça e balançando-a, e roendo as suas unhas preocupado e buscando uma saída, com nada em sua mente a não ser como você se sente mal, como você está ferido, que coitado você é. Levante-se, seu tratante preguiçoso! Ajoelhe-se! Levante suas mãos e seus olhos para o céu! Use um salmo ou o pai-nosso a fim de clamar sua angústia ao Senhor.21

No final do v.17, Davi expressa uma certeza: “e ele ouvirá a minha oração”.

É notável que a maioria dos salmos de lamento, com este Salmo 55,termina com uma expressão de louvor a Deus e/ou com uma afirmação de confiança em Deus. Embora no momento da súplica o fiel enfrente angústia e medo, ele tem a certeza de que sua oração será atendida, e, por isso, louva ao Senhor, agradecendo-O pelo livramento que certamente virá. Claus Westermann explica: “Nenhum milagre foi feito durante a oração do salmista. Mas deu-se outra coisa: Deus ouviu, Deus se inclinou, Deus teve compaixão. O elemento decisivo se realizou. O que ainda é esperado, a mudança da situação dolorosa, deve-se realizar-se.”

O conteúdo da oração de Davi está no v.9a: “Destrói, Senhor, e confunde os seus conselhos”.

Quando oramos, temos a plena certeza de que não são os desígnios dos homens maus que vão prevalecer contra nossas vidas, mas sim os bons propósitos que o Senhor gracioso tem para nós. Os homens podem tramar planos malignos contra nossas vidas. Mas quando dobramos nossos joelhos, e clamamos pela intervenção do Senhor dos Exércitos, esses planos malignos são confundidos e frustrados.

  • abrir nosso coração ao Senhor: 1-8

Nos v.1-8 Davi expõe seus medos a Deus, na forma de lamentação.

Eugene Peterson acertadamente diz que“a forma mais comum da oração nos Salmos é o lamento”. Isso não deveria nos surpreender, já que essa é nossa condição mais comum.

V.2: “sinto-me perplexo em minha queixa e ando perturbado”, confessa Davi.

V.4: “O meu coração estremece no peito”. Mesmo o homem segundo o coração de Deus está sujeito a temores!

No v.17, ele diz “farei minhas queixas e lamentarei”.

O mesmo homem que em vários momentos dizia “O Senhor é o meu regúfio”, “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará”, “em paz deito e logo durmo, porque o Senhor me sustenta”, também dizia “o horror se apoderou de mim” (v.6).

Às vezes achamos que alguém que está tão perto de Deus jamais sentirá angústia na alma. Mas o próprio Senhor Jesus no Getsemani disse: “minha alma está produndamente triste até a morte”. Será que Jesus não estava em plena comunhão com Deus quando pronunciaou essas palavras? Certamente que sim! Mesmo estando em perfeita comundão com Deus, sua alma estava profundamente triste até a morte.

Os Salmos não apenas refletem toda experiência humana (p. ex.: confusão, raiva, medo, ansiedade, depressão, alegria incontida), mas também nos forçam a parar de fingir que tudo esteja bem com o mundo. Os salmos de lamentação (por exemplo, os salmos 10, 13, 35 e 86) são veementes queixas diante de Deus em relação às contradições existentes entre suas promessas e a realidade pela qual o povo passa. Esses salmos raramente são usados no culto cristão hoje em dia. Contudo, esses salmos são atos de uma fé corajosa: corajosa, porque eles insistem em que temos que enfrentar o mundo como ele é, e que temos que abandonar toda ostentação infantil; mas também de fé, porque eles partem da convicção de que não existe assunto proibido, quando se trata de termos uma conversa com Deus. Reter daquela conversa com Deus qualquer coisa da experiência humana, inclusive a escuridão de uma oração não respondida e os aspectos negativos da vida, é negar a soberania de Deus sobre toda a vida. Assim, paradoxalmente, são aqueles que reprimem suas dúvidas com uma série de cânticos alegres que bem podem estar sendo incrédulos: pela recusa de crer que Deus pode cuidar de toda a raiva que eles têm. (VinothRamachandra, A falência dos deuses: a idolatria moderna e a missão cristã, São Paulo: ABU, 2000, p. 60-61).

Quando apresentamos sinceramente ao Senhor nossos temores, estamos dizendo: “Senhor, só Tu podes cuidar disso”.

  • Diante da traição e perseguição, precisamos confiar e descansar: v.16, 22, 23

Davi tinha uma certeza: “o Senhor me salvará” (v.16).

No v.22, o homem atribulado pela perseguição pastoreia o seu próprio coração com as seguintes palavras:

“Lance os seus cuidados sobre o Senhor e ele o susterá; jamais permitirá que o justo seja abalado” (NAA).

A palavra “cuidados” traduz um termo texto hebraico que tem o sentido de“fardo”. “Lance sobre o Senhor o teu fardo”.

Você não precisa carregar o fardo das preocupações.

1Pedro 5.7 está fundamentado nesse no Sl 55.22: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (ARA).

O Senhor não “permitirá que o justo seja abalado”, ou seja, o Senhor “jamais permitirá que o justo venha a cair” (NVI). Talvez muitos querem que você tropeçe. Mas o Senhor não permitirá!

Conclusão

Você foi traído por alguém? Está sendo perseguido ou hostilizado por alguém? Alguém está tramando contra sua vida?

Abra o seu coração ao Senhor. Confesse seus medos. Fale de seus temores. Deus vai cuidar de tudo isso.

E não se esquece de reflita honestamente se você também não traiu ou não feriu alguém.

Se os homens maus querem destruir sua vida, o Deus gracioso quer abençoa-lo com toda sorte de bênçãos em Cristo Jesus, se você confiar Nele com todo o seu coração.

Não tema os homens. Tema a Deus.